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Russos vivem como no século 19 em Ponta Grossa

Mulheres russas andando em rua de Ponta Grossa; artesanato na Colônia Santa Cruz; vida doméstica na colônia.
Mulheres russas andando em rua de Ponta Grossa; artesanato na Colônia Santa Cruz; vida doméstica na colônia.

Uma comunidade que, em pleno século 21, mantém costumes e trajes do século 19. A quase uma hora de Curitiba, está a Colônia Santa Cruz, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Todos são descendentes de russos e entre eles só falam nesse idioma. O primeiro idioma ensinado é o russo. As crianças só aprendem o português na escola. A religião é o catolicismo ortodoxo e a Igreja da Colônia é repleta de ícones religiosos. E não só no idioma que Santa Cruz se diferencia.

ANO 7524

A comunidade segue à risca a contagem dos anos tal como pregado pelos ortodoxos. Se a maior parte da sociedade segue o calendário romano que aponta que estamos em 2016, os moradores da colônia estão em 7524 – referente à contagem da criação do mundo, segundo a crença ortodoxa. O dia 25 de dezembro, quando grande parte da sociedade comemora o nascimento de Jesus Cristo, não significa nada para os moradores de Santa Cruz. Assim como todos os ortodoxos russos, eles festejam o Natal no ‘nosso’ 07 de janeiro. Isso porque eles seguem o calendário litúrgico Juliano que possui um atraso de exatos 13 dias para o calendário Gregoriano.

PROIBIÇÕES

A ortodoxia, para eles, proíbe uma série de atitudes em Santa Cruz. Uma delas é a de comer com pessoas ‘diferentes’. Outra é usar os mesmos utensílios domésticos de alguém que não seja ortodoxo. Para a religião ortodoxa russa, não é permitido ter televisão. Mas muitos têm algum aparelho escondido em casa. Por causa dos costumes, o povo é muito fechado e tem que lidar com o preconceito de quem não respeita seus costumes.

TRAJES

Os trajes dos moradores são confeccionados por eles próprios. As mulheres usam longos vestidos coloridos e homens, geralmente, uma camisa branca e calça comprida. As mulheres casadas não podem sair de casa sem usar um lenço na cabeça; as solteiras fazem tranças nas madeixas. Já os homens usam cintos amarrados na cintura diariamente. Segundo a religião, serve para separar a parte limpa do corpo, que é a de cima, da suja, que é da cintura para baixo. Além disso, os homens usam longas barbas.

UM POUCO DA HISTÓRIA

A colônia, que pode ser chamada de principal, corresponde ao núcleo três do “complexo” de Santa Cruz. O número um já não existe mais, devido aos constantes apelos de morar fora para “melhorar de vida”. Nem casas mais restaram. A colônia dois fica distante quatro quilômetros da Santa Cruz número três. Ao todo, o ‘complexo’ Santa Cruz tem entre 30 e 40 moradores. Muitos se mudaram para colônias do mesmo grupo étnico que existem no Canadá, Estados Unidos, Bolívia, Uruguai e no estado de Goiás.

IMIGRAÇÃO

A migração para o Brasil foi concretizada em 1958, com um total de 100 pessoas. O grupo começou a fugir da Rússia durante a Revolução Russa, em 1917. Foram para a China e, depois da revolução que impôs o comunismo no maior país asiático, acharam a paz que tanto procuraram em solo paranaense.

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